Histórico

A formação do Grupo ALTER aconteceu durante um período de mudanças significativas no quadro da educação brasileira, que uniam a necessidade da elaboração de leis e propostas mais coerentes com a época e de uma educação voltada para o desenvolvimento econômico do país.

Em 1994, tivemos a produção dos Parâmetros Curriculares Nacionais, documentos que teriam forte impacto nos diferentes níveis de ensino, oficializando-se a visão da educação como fator de desenvolvimento econômico e/ou como instrumento de formação de mão de obra qualificada para as necessidades do mercado.  No campo editorial, continuava a divulgação de obras de Vygotsky (Luria et al., 1991) e, consequentemente, o crescimento de sua influência, tanto no pensamento das Ciências da Educação quanto na Linguística Aplicada. O mesmo acontecendo com as obras de Bakhtin, com a publicação de “Estética da criação verbal” (Bakhtin, 1992), ao lado de várias traduções de autores da Análise do Discurso francesa (por exemplo, Maingueneau, 1987/1989).

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Grupo

 

Quanto às pesquisas na área da Linguística Aplicada, continuava prevalecendo a tendência para a intervenção na escola, para a discussão do ensino de produção e leitura textual, como se pode ver, por exemplo, nas publicações de Kato (1986) e Kleiman (1989), informadas mais fortemente por concepções cognitivistas e/ou da Linguística Textual.

Grupo

É nesse contexto, na primeira metade da década de 90, que tínhamos um quadro com as seguintes características: movimento de reconstrução do país; reformas neoliberais em curso; mobilização de pesquisadores para intervenção na escola pública; problemas a serem resolvidos na teoria e na prática sobre o ensino de leitura e produção; difusão maior da teoria vigotskiana sobre ensino-aprendizagem; difusão maior das ideias bakhtinianas sobre a linguagem; desenvolvimento maior da Linguística Textual e da Análise do Discurso. Um quadro de intensa transformação e, no campo educacional, especificamente no ensino de línguas, a convivência de várias teorias isoladas, sem um quadro unificador e coerente.     ​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​

 

Palestra

 

Foi então que, durante a I Conference for Socio-cultural Research, em Madri, na Conferência apresentada pelo Prof. Jean Paul Bronckart, Action theory and the analysis of action in education, pesquisadores brasileiros, deparando-se com a proposta do quadro teórico do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD), visualizaram uma via de resolução para os problemas teóricos e práticos que eram postos aos pesquisadores de Linguística Aplicada no Brasil.

Essa conferência mostrou que, com a integração das ideias vigotskianas e de aportes da linguística de texto/discurso, emerge a construção de um todo teórico coerente, ao mesmo tempo em que se apresenta uma proposta de integração dialética entre a pesquisa científica e as intervenções didáticas. A partir daí, iniciou-se a difusão das ideias dos pesquisadores genebrinos no Brasil. Em 1994, como decorrência natural dos contatos entre os pesquisadores da Universidade de Genebra e os do LAEL – PUC/SP, foi firmado um Acordo Interinstitucional entre as duas Universidades. E, em 1995, foi defendida, no LAEL, por Anna Rachel Machado, a primeira tese de doutorado brasileira que adotava os pressupostos teóricos e metodológicos do ISD (Machado, 1998).

Na continuidade desses estudos, forma-se então, em 2002, o grupo ALTER – Análise de Linguagem, Trabalho Educacional e suas Relações, liderado pela Profa. Dra. Anna Rachel Machado, pesquisadora do LAEL – PUC/SP, filiada a duas linhas de pesquisa: Linguagem e Trabalho e Linguagem e Educação; e pela coordenadora da Pós-Graduação da UNISINOS, Profa. Dra. Ana Maria de Mattos Guimarães, congregando pesquisadores de sete universidades brasileiras voltados para o desenvolvimento da teoria do interacionismo sociodiscursivo. 

Grupo

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